sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
I can see clearly now
Fechou-se em mim a caixa de Pandora.
Onde antes se debruçava a esperança,
Sangra a ilusão cravada na lembrança -
sepultei a possibilidade de outrora.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Embalando
Pensamento tão livre quanto o céu
Imagino um barco de papel
Indo embora pra não mais voltar
Tendo como guia Iemanjá
Ser capitã(o) desse mundo
Poder rodar sem fronteiras
Viver um ano em segundos
Não achar sonhos besteira
(Trecho de "Shimbalaiê", de Maria Gadú)
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Inconcluso
Não basta sentir, antes sem confluir
Do pilar mais puro, da luz que transforma o escuro
A flor desaba num sopro suave,
Mal deixa um entrave onde erigir a mágoa
Inexistente.
Tens o meu afeto, nada mais há de concreto
Quisera meu bem, ousar, dar forma a meu dom de amar
O tempo trama contra tal façanha,
Nos arranhando o tom do momento:
assim, simplesmente.
Para além da liberdade, contra toda a eternidade,
Afagos sem garantia, plasmando o que em mim havia,
De bom coração e desejo.
Vem vindo, eu vejo, sentenciado em "não",
O descomeço da gente.
Contemplo o lago mudo (Fernando Pessoa)
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Flash de liberdade
Só por hoje, meu amor, não violarei minha convalescença num suicídio de abraços, pressão cadente, taquicardia e língua a fora. A liberdade autoimposta me encurrala mais do que lagarta no casulo. Antes o tênue espasmo do aconchego, um borrifo de paz num terreno apavorante, do que a temperança dissimulada. Desenha-me, em traço leve, a janela iluminada, o veleiro no horizonte e os golfinhos mensageiros. Que o mar imenso nos sequestre.
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