terça-feira, 20 de abril de 2010

All I really want is love

Tudo se eterniza
Em paz e branda quimera
Naquela suave divisa
Onde a ingênua ternura impera
(F. B.)



ALL I REALLY WANT IS LOVE
(Henri Salvador and Lisa Ekdahl)

I've looked all around this
Big old world and found that
All I really want is love

Nothing can compare
This world I've had my share of
All I really want is love

In this life of chasing dreams
Such strife in seeking schemes
Designed for happiness

Now I've finally realized
Deep underneath my lies
All I really want is love

I've had twice my share
From fortune to despair now
All I really want is love

Nothing satisfies this
World won't compromise me
All I really want is love

In this life of chasing dreams
Such strife in seeking schemes
Designed for happiness

L'amour, la lumière de nos jours
Que voici de retour
Pour me faire voir tout en rose

segunda-feira, 1 de março de 2010

Tudo o que faço ou medito


(Se até Fernando Pessoa se sentiu assim, tal estado me é permitido...)

Tudo o que faço ou medito
Fica sempre na metade.
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.

Que nojo de mim me fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica,
E eu sou um mar de sargaço -

Um mar onde bóiam lentos
Fragmentos de um mar de além...
Vontades ou pensamentos?
Não o sei e sei-o bem.

(Fernando Pessoa)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

I can see clearly now


Fechou-se em mim a caixa de Pandora.
Onde antes se debruçava a esperança,
Sangra a ilusão cravada na lembrança -
sepultei a possibilidade de outrora.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Embalando



Pensamento tão livre quanto o céu
Imagino um barco de papel
Indo embora pra não mais voltar
Tendo como guia Iemanjá

Ser capitã(o) desse mundo
Poder rodar sem fronteiras
Viver um ano em segundos
Não achar sonhos besteira

(Trecho de "Shimbalaiê", de Maria Gadú)

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Inconcluso


Não basta sentir, antes sem confluir
Do pilar mais puro, da luz que transforma o escuro
A flor desaba num sopro suave,
Mal deixa um entrave onde erigir a mágoa
Inexistente.

Tens o meu afeto, nada mais há de concreto
Quisera meu bem, ousar, dar forma a meu dom de amar
O tempo trama contra tal façanha,
Nos arranhando o tom do momento:
assim, simplesmente.

Para além da liberdade, contra toda a eternidade,
Afagos sem garantia, plasmando o que em mim havia,
De bom coração e desejo.
Vem vindo, eu vejo, sentenciado em "não",
O descomeço da gente.

Contemplo o lago mudo (Fernando Pessoa)


Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.

O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo.
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.

Trêmulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Flash de liberdade


Só por hoje, meu amor, não violarei minha convalescença num suicídio de abraços, pressão cadente, taquicardia e língua a fora. A liberdade autoimposta me encurrala mais do que lagarta no casulo. Antes o tênue espasmo do aconchego, um borrifo de paz num terreno apavorante, do que a temperança dissimulada. Desenha-me, em traço leve, a janela iluminada, o veleiro no horizonte e os golfinhos mensageiros. Que o mar imenso nos sequestre.